Síndrome do Impostor: O que é? Quais os sintomas?
São Paulo, 02 de março, por Hellen Bispo. Você sabe o que é a síndrome do impostor? Quantas vezes você já se perguntou se era capaz de fazer algo que você foi treinado para fazer? Se você já passou por alguma situação parecida, talvez você já tenha sido vítima da síndrome da impostora.
E isso te tranquiliza acredite, você não é a única. Apesar de ainda não ser reconhecido como uma doença, o Instituto de Psicologia acredita que a síndrome é caracterizada por pensamentos que reforçam a perda de confiança em si. Algo como que se a pessoa estivesse com a sensação de não merecimento do cargo que está ocupando.
Essa síndrome pode afetar tanto homens quanto mulheres e pode ser descrita como a falta de autoestima, o que pode afetar bastante a vida de quem a sente. Seja por de repente trabalhar muito mais do que o necessário, chegando muitas vezes até à exaustão. Ou até mesmo deixando de aceitar grandes propostas pelo fato de não se sentir capaz. Saiba o que é e confira dicas para não se deixar levar por esta situação.
O que é a Síndrome do Impostor?
Para quem nunca ouviu falar sobre o assunto, os estudos sobre a síndrome do impostor são bem antigos e datam de 1978 com Pauline Clance e Suzanne Imes, duas psicólogas americanas que através de um pesquisa para a Universidade Estadual da Geórgia, descobriu que quanto mais bem-sucedidas as mulheres eram, mas inseguras sobre o cargo que elas ocupavam se tornavam.
A Síndrome da impostora, apesar de levar o nome “síndrome”, não é considerada uma doença. Ou seja, ela não existe na classificação oficial de diagnósticos psiquiátricos.
Trata-se de um sintoma que pode estar presente em quadros de ansiedade, depressão, transtorno de déficit de atenção ou apenas como um sintoma isolado.
É uma ilusão de inferioridade. E essa ilusão chega até ser uma certeza de que a qualquer hora todos vão descobrir que na verdade você é um fracasso.
Você já se sentiu assim? Entenda, um pouco mais sobre o assunto e descubra se você está sofrendo com a síndrome de impostor.
Mulheres têm mais chances de desenvolver a Síndrome da Impostora
Estamos em um mundo construído pelo patriarcado, por isso desde muito cedo nos é ensinado que é preciso trabalhar duas vezes mais que um homem para conseguir provar nossa competência. Além disso, é preciso lidar também com a diferença de salário. Por estar em um mundo machista, é comum sentir-se insegura, incapaz e com a impressão de ter sua inteligência colocada à prova o tempo inteiro. A baixa estima intelectual, o tratamento desigual entre os gêneros podem ser responsáveis por esses pensamentos.
Em um documentário sobre a vida de Whitney Houston, uma pessoa que a conheceu pessoalmente, disse: “Whitney era uma estrela, mas nunca teve a segurança que precisava”. Isso quer dizer que por mais brilhante que você seja, famosa e aclamada pelo público, não está livre de desenvolver a Síndrome da Impostora.
A jovem que está no início da carreira também é um alvo, pois está entrando em um mundo competitivo e ter seus conhecimentos testados várias vezes não é fácil. Alguns crescem sem o apoio da família, que costuma valorizar as conquistas alheias e fazer comparações. Isso gera uma sensação de incompetência desde muito cedo.
Ou seja, a síndrome da impostora não é algo que você consiga diagnosticar de forma simples e tão pouco é algo que surja da noite para o dia. Em suma, é algo que pode se instalar aos poucos, desde os primeiros anos de vida.
Para entendermos um pouco melhor, segundo uma pesquisa feita pelo IBGE em 2009, publicada pelo Centro de Referência em Educação Mario Covas, as mulheres de até 10 anos já haviam estudado aproximadamente 7,2 anos ao longo da vida, enquanto os homens estudavam aproximadamente 6,9 anos de estudo.
E como podemos perceber, de acordo com o G1 publicou um estudo da ONU, apesar das mulheres estudarem mais, elas ainda possuem uma renda 41,5% menor do que os homens.
A síndrome do impostor é muito mais do que apenas um pensamento, no meu entendimento parece que é influência externa do meio, que acredita que mesmo que de forma inconsciente, que existem profissões que são melhores exercidas pelos homens. Mesmo que a lógica e até mesmo a prática comprove que mulheres e homens possam entregar serviços com os mesmos padrões de qualidade.
O fato é que esse medo de assumir grandes responsabilidades apesar de serem encontrados em todos os seres humanos as mulheres ainda possuem uma maior propensão a se sentirem ocupando cargos que não deveriam ser delas. E esse sentimento está sendo vivenciado em todas as fases da sua vida. Seja escolar, universitária e até mesmo no mercado de trabalho.
Síndrome do impostor sintomas
Não existe uma uma regra de fato, mas de forma geral, as pessoas que sofrem da síndrome da impostora geralmente apresentam alguns comportamentos similares. Quem sabe você já passou por esta situação e nem sabe?
1. Necessidade de ser Aceito
Quando você tem a síndrome da impostora a necessidade de ser aceito pelos outros pesa demais em suas escolhas. Pois elas geralmente acreditam que precisam justificar as suas conquistas, por não acreditar que são merecedoras delas.
A busca por causar uma boa impressão a todo o momento, podem ser sintomas da vontade de alcançar aprovação, e por conta disso pode se colocar até em situações pouco confortáveis.
É muito comum você procurar trabalhos que te esgotem fisicamente e mentalmente para tentar explicar as suas conquistas, porque no fundo você não acredita que de fato é merecedora do seu sucesso.
E como consequência esse comportamento gera mais ansiedade e exaustão. Dessa forma, não é incomum que essas pessoas desenvolvam sintomas de depressão.
2. Boicote
Outro situação bastante comum é a auto sabotagem. Muitas vezes as pessoas que sofrem desta síndrome optam por evitar gastar energia em coisas novas. Pois, por não acreditar em si, pensa que não dará certo. E como se apoia mais na opinião dos demais do que na sua. Acredita que desta forma vai diminuir as chances de ser julgado por outras pessoas.
3. Procrastinação
O que pode acontecer com frequência é estar sempre adiando suas tarefas. O fato de sempre deixar para o último minuto pode ser para evitar uma devolutiva sobre seu trabalho. Pois na maioria das vezes nunca está de acordo com as suas altas expectativas. E na sua cabeça, não será suficiente para os demais que estão visualizando aquele projeto.
4. Comparação
A rede social é uma ótima ferramenta para interação, porém não ajuda na construção da autoestima. Muitas vezes nos cobramos demais, e nós achamos inferiores e acabamos não enxergando os nossos méritos. Mesmo que de forma inconsciente, comparamos a vida aparentemente perfeita dos outros com a nossa. Dessa forma, nos frustramos por não conseguir ser tão bonito ou bem sucedido quanto o nosso colega.
Dicas para Superar a Síndrome da Impostora
-Converse sobre seus medos e inseguranças. Procure alguém de confiança, que esteja fora do seu meio profissional ou acadêmico. Fazer essa conexão lhe ajudará a enxergar as coisas por outra perspectiva. Externalize suas aflições, dessa forma você se sentirá acolhido ao saber que outras pessoas também passam por isso.
-Encontre uma nova atividade que não exija perfeição, apenas por distração e diversão. Invista em algum hobbie ou arrisque aprender algo novo, tudo é válido. Faça com que sua mente se concentre em coisas diferentes e mude o foco.
-Procure ajuda profissional, pode ser um psicólogo ou psiquiatra para reconstruir suas crenças. Não se sinta intimidado, você não é o único a passar por isso. Confie que um profissional lhe ajudará a resgatar sua estima.
-Lembre-se: Ninguém é perfeito. Nós costumamos postar somente conquistas e o lado bom da vida nas redes sociais. Acredite, ninguém tem uma vida impecável, tudo não passa de ilusão.
Um trabalho individual e coletivo
Como podemos perceber apesar da síndrome da impostora ser um mal que afeta individualmente é mais um problema coletivo do que pessoal. Ou seja, muitas mulheres sofrem deste mal, pois vivem em uma sociedade tóxica.
Então, como não sabemos lidar com essas inseguranças e angústias, manifestamos uma série de sintomas que de uma forma ou outra impactam em nossa vivência em sociedade.
E em decorrência disso, procurando mais sobre isso, encontramos a síndrome da abelha rainha, que é quando você esconde todas as suas inseguranças e as projetam em outras mulheres.
De toda forma, esse assunto deve ser discutido e analisado por toda a sociedade, pois vai se tornando um ciclo vicioso, onde ninguém ganha.
Como evitar síndrome do impostor?
Se tem uma coisa que com certeza não faz bem a ninguém é se comparar com as outras pessoas. De forma geral, as pessoas são diferentes e cada um tem sua ideia de sucesso. Se comparar é a forma mais rápida de cair em um burraco bem fundo.
Ao invés disso, o ideal é refletir sobre o assunto para entender se os seus sentidos de fato têm a ver com a realidade.
Primeiramente, se você acredita que não é capaz de realizar o seu trabalho, dê um jeito de mapear a sua evolução com ele. Faça uma avaliação técnica sobre os seus conhecimentos e entenda se você tem informações sobre o tema.
Você também pode identificar se você é bem avaliado pelos seus clientes, as vezes a melhor saída é entender com os seus próprios clientes se eles estão felizes com o seu atendimento ou se existe algo que precisa ser melhorado.
Para finalizar precisamos entender que esse sentimento não é verdade. Todas as pessoas são iguais, ninguém é melhor do que ninguém. Entenda seus pontos fortes, foque nesses pontos. Reveja seus pontos fracos e tente melhorá-los. Estamos todos tentando sermos melhores e pensando no que podemos melhorar tanto pessoalmente quanto profissionalmente.
Teste para saber se você tem o Complexo de Síndrome da Impostora
Dicas de Livros Síndrome da Impostora
Ainda tem dúvidas sobre o assunto, existem alguns livros bem interessantes sobre o assunto que você pode ler e entender um pouco mais sobre.
1- Síndrome da Impostora Livro, Rafa Brites
O livro da Rafa Brites que atualmente é auto intitulada por influenciadora de jornais, mas já foi apresentadora e também uma estudiosa do assunto.
O livro Síndrome da impostora: Por que nunca nos achamos boas o suficiente? são relatos da autora que a fizeram questionar suas próprias habilidades. E traz reflexões sobre o tema, apesar de não ser nenhuma fórmula mágica. Traz dicas fáceis que você pode implementar em sua vida.
2- Como Parar de se Sentir uma M*rda, Andrea Owen
Se você está em uma jornada de propósito e autoconhecimento “Como parar de se Sentir uma Merda” pode ser uma boa dica de leitura.
O livro fala de 14 ações praticadas por nós todos os dias e que causam muitos problemas.
Mesmo que estas ações não sejam conscientes, elas dificultam a nossa vida e podem resultar em comportamentos autodestrutivos.
Owen coloca diversas situações onde reproduzimos esses comportamentos e nos convida a refletir. Através das próprias vivências da autora ela propõe dicas para melhorar a autoestima, exercícios e ferramentas práticas para nos ajudar com nossas inseguranças.
Esse livro pode ser uma ferramenta bem interessante para quem está em busca pelo autoconhecimento e de fato sair desse caminho de autodestruição e nos ajuda a ter consciência de nosso comportamento o que torna o processo mais acolhedor e menos solitário.
3- Corajosa sim, perfeita não, Reshma Saujani
Eu particularmente gosto bastante deste livro, “Corajosa sim, Perfeita não”, pois ele especialmente traduz o que eu penso sobre a síndrome da impostora, o medo é o principal fator que nós precisamos enfrentar se quisermos ser pessoas grandes.
E a autora Reshma Saujani que é também a fundadora e CEO da Girls Who Code (GWC), que para quem não conhece é uma organização sem fins lucrativos dedicada a aumentar o número de mulheres que trabalham com tecnologia. Além de participar She Should Run, que tem o propósito de aumentar a quantidade de mulheres que ocupam cargos na liderança pública.
Quem não conhece os projetos desta mulher com certeza vale uma busca do Google para entender um pouco mais sobre ela e também sobre os projetos que ela participa. Vou deixar aqui também o Ted que ela apresentou que também é maravilhoso e de fato pode ser uma inspiração para a sua vida.
Saujani, conta neste livro que por muitos anos se deixou abater pelo medo e principalmente o que mais afetava ela a busca pela perfeição. Porém, aos 33 anos decidiu arriscar, mesmo com muito medo.
Deixou de lado a ideia da perfeição e trocou pelo objetivo de fazer um pouco por dia, e aceitar que não existe o ideal. Tudo está em construção e não tem como construir nada sem colocar o primeiro tijolo.
Este livro é sobre como precisamos realizar mais as coisas que já são possíveis ao invés de ficarmos esperando pelo ideal. E sobre errar e aprender com os erros sem jamais desistir de pelo menos tentar.
Então, para você que tem medo de tudo, deixe esse livro no cômodo do seu quarto e pegue para ler pelo menos um pouco todos os dias. Quem sabe não é a injeção de ânimo que você precisa?
4- Os Pensamentos Secretos das Mulheres de Sucesso, Valerie Young
Esse livro é ideal para você que quer entender um pouco mais sobre o que é a síndrome do impostor. E principalmente porque esta síndrome afeta primordialmente mulheres.
Com uma abordagem simples e prática Young aborda todas as dificuldades que nós mulheres sentimos tanto na vida pessoal como na vida profissional e nos ajuda indicando caminhos para o sucesso.
Pode te fazer refletir sobre o porquê de tantos obstáculos a serem superados e quem sabe te levar a assumir todos os méritos da sua vida profissional e usufruir sem culpa suas conquistas? Como o próprio título do livro insinua.
Conclusão
É normal você se sentir inseguro às vezes, como quando você vai a uma entrevista de emprego, por exemplo. Porém, observe caso isso se torne uma constante. Fique atento quando o sentimento de incapacidade é levado ao extremo e o autocuidado é deixado de lado.
O ideal sempre nestes casos é se abrir com amigos e se caso não dê certo procure um profissional que possa te ouvir e te ajudar nesta caminhada. Pois mesmo não sendo considerada uma doença, existe para a síndrome do impostor tratamento.
Se você leu todo este artigo e chegou até aqui embaixo. Aproveite e deixe o seu comentário e me dizer o que pensa sobre o assunto.